Tem um lance que não para de me atuzigar,
Faz tempo eu queria comentar e é o seguinte:
Sempre que te vejo em algum lugar
Lembro de quando a gente andava junto,
De como a gente tinha assunto pra caralho
E hoje mal conseguimos nos cumprimentar.
Tem uns lances que sempre vou lamentar nessa vida,
Tipo o fato de Teresina não ter mar,
Pessoas iguais a minha mãe que nunca,
Mas é nunca mesmo, nunca vão mudar
Nem por mim nem por ninguém,
A língua dela cê conhece bem, né?!
Tipo meu irmão também
Me achar sem noção
Por eu seguir uma religião
Como a Umbanda e simpatizar com o Candomblé,
(Logo meu irmão, preto como eu),
Com o Tambor de Mina, o Terecô, a Jurema,
Tranquilo, isso nem é problema
E cada um faz o que quer
Em Romanos, capítulo 12, versículo 3
Diz que Deus deu a cada um uma medida diferente de fé.
Mas voltando, foda que essa situação entre a gente
É meio idiota, parece coisa de adolescente
E se a gente quiser, a gente pode resolver
Estamos vivos, moramos na mesma cidade,
Talvez você só não sinta saudade,
Pô, mas sempre massa te ver.
Você ficou com o original de um poema que escrevi tem uns anos já
E você disse que lia toda noite antes de dormir,
Depois guardava na sua caixa de semi joias.
Nem lembro mais o que tinha escrito.
Espero que depois de tanto tempo
Pelo menos ainda sõe bonito
Como o dia em que a gente se conheceu na Tenda da Mãe Zelina,
Cê entrou na gira, saudou os ogans, abraçou seu Zé, mó gente fina,
Já toda malandra, pitou com as preta véa e brincou com os Erê...
Idália, o tempo é um incêndio consumindo nossas lembranças...
Muitas vezes cheguei a me questionar se teria sido algum vacilo meu
Porque a gente se afastou real e na moral
Até hoje me pergunto o que diabo aconteceu.
Talvez você tenha passado por isso,
Só que em relação a alguma outra pessoa.
É o tipo da coisa que tá sempre rolando
Com todo mundo a todo instante, eu creio.
Às vezes quero me apegar ao senso comum,
Acreditar que isso vem para deixar a vida mais interessante,
Sei lá, no mínimo mais intrigante,
Só nada, talvez você esteja passando por isso nesse momento
E eu nunca vou saber, infelizmente estamos distantes.
Mas é isso, “ter saudade até que é bom,
É melhor que caminhar vazio”...
credits
from O Anjo Azul,
released November 17, 2017
Produzida por Vitor Brauer
Um mineiro de Governador Valadares que é compositor, produtor, membro das bandas Desgraça, Ginge, Lencinho, Lupe de Lupe, Tristeza Não Tem Fim e Xóõ, e criador e integrante do movimento Geração Perdida de Minas Gerais.
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