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Geração Perdida de Minas Gerais
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Tr​é​inquinump​á​ra 02: Rio de Janeiro

by Vitor Brauer

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1.
Hoje tem pagode no Rio de Janeiro Fazer antes de se preparar Começar a fazer antes de se preparar pra fazer Tô bebendo, tô pagando O mundo é redondo e não para de girar Qualquer dia desses eu sei que vou vencer Sair desse buraco que eu vivo Eu sou assim, eu sou assim Quem quiser gostar de mim Só deus acima de mim Mas ele está de costas, de costas Hoje tem pagode no Rio de Janeiro Hoje eu escapei, hoje eu sou, hoje eu não sou Hoje eu sou a meia noite Hoje tem pagode no Rio de Janeiro Tudo está a mercê Até você perceber que o ronco do vizinho na verdade vinha de você É, hoje tem pagode no Rio de Janeiro Eu até sou capaz de sair aí fazendo loucuras Vamos ter um filho Viver de tempo emprestado faz o ponteiro do relógio andar mais rápido De algum modo, em algum lugar, alguma coisa deu errado. Diz o meu teclado no celular. Hoje tem pagode no Rio de Janeiro Os deuses que amam também podem me odiar Hoje tem pagode no Rio de Janeiro O maior presente de Deus é a minha hipocrisia Por que em meio de delírios transmutáveis E o encontro de vênus e saturno Em meio a rangos veganos e trampos bem humanos Eu ainda me sinto mal? Hoje tem pagode no Rio de Janeiro Você se desconstrói na batucada Mas não esqueça da empregada na sua casa Quando tiver pagando de cria Vê se não esquece que O maior presente de deus te deu Foi a hipocrisia Se fazendo de pão pra ganhar linguiça Tentando arrumar a bagunça que é sua cabeça Procurando sexo pela noite Melhor ser honesto consigo mesmo Tem gente que prefere viver na própria merda Do que deixar o mundo ver ele pegar uma pá Melhor ser honesto consigo mesmo E ver que perto do osso é sempre mais gostoso Hoje tem pagode no Rio de Janeiro pra menino e pra menina E quem não se identifica também E logo mais pode ter certeza outra chacina
2.
A estupidez nunca dorme e pra combater, hoje eu não vou dormir, quando eu morrer eu descansarei Uma pessoa deve admitir os seus próprios erros, tirar as pedras do caminho para poder crescer Passeando pelas trincheiras, sentindo o odor verde das macieiras O calor insípido das valas, eu vi mais do que eu queria ver Mas numa festa em laranjeiras foi que eu concebi Não adianta riqueza e educação se a pessoa não tem um pingo de noção O Brasil é assim e assim vai ser até o fim, lindo, lindo e triste Como se chamasse por alguém, como se esperasse por alguém, alguém que nunca vem A gente vive ao redor de tanto idiota que às vezes A gente se dá o direito de ser também um pouquinho Mas é difícil ver o grande plano atrás de uma pilha de corpos Pra cada porta que eu fechei uma nova se abriu? É tanta coisa feita pra deixar a gente maluco que no final das contas Nunca vai existir a quantidade pra deixar a gente são Tendo de me lembrar constantemente que o ódio exagerado Pode ser tão chato e destrutivo quanto a coisa que você mais odeia O Brasil é assim e assim vai ser até o fim, lindo, lindo e triste Como se chamasse por alguém, como se esperasse por alguém, alguém que nunca vem Se nem a elite cultural do nosso país consegue pensar e olhar pra frente imagina o povo do meu interior Por que eu defendo uma cidade que me quer mal? Por que eu defendo uma família que me quer mal? Por que eu defendo um país que me quer mal? Amigos que me fazem mal Eu vou lutar e brigar por toda minha vida, esse é meu destino Quando eu morrer não será numa cama, mas eu estou em paz comigo mesmo O Brasil é assim e assim vai ser até o fim, lindo, tão lindo, tão lindo e tão triste Como se chamasse por alguém, como se esperasse por alguém, alguém que nunca vem
3.
Já nasceu um novo dia e agora? O trabalho de ceder, a paciência pra querer O que é mais fácil de buscar E eu que sempre olhei pro alto Será que os homens se cansaram Não tem mais nada pra gente construir Pela noite nós andamos descalços A disciplina de botar os pés no lugar das mãos Já não quero mais saltar janelas Me cansei de voar, deixo os sonhos pelo chão Que é mais fácil de buscar E eu que sempre olhei pro alto Depois que os monstros se deitaram Eu não tive contra quem lutar E não sei porque estou tão machucado Mas eu não quero me entregar ainda Na dor que deixa a gente mudo No berço da felicidade Nada é em vão, no beijo de um peão, entre os dedos da mão Escapa a solidão da minha cidade Já nasceu um novo dia e agora?
4.
Eu que achei que a coragem, o espírito livre E a imaginação eram o orgulho da humanidade, onde eu estava com a cabeça? Fingindo ser outro alguém pra te fazer feliz Fingindo ser outro alguém até quando nos masturbamos, fingindo até pra gozar Desista dos seus sonhos, arrume um emprego, financie um carro, ganhe mais um dinheiro Construa uma casa, constitua família, faça igual fulano de tal Eu comia a coisa mais deliciosa que já comi Enquanto eu sentia o cheiro mais podre que já senti A gente segue as regras do universo o tempo todo sem nem saber Nosso corpo é uma prisão independente de rebelião O cidadão está preso dentro de um castelo de quatro paredes de velcro e não vê saída Desista dos seus sonhos, arrume um emprego, compre mais um carro, ganhe mais um dinheiro Financie uma casa, construa uma família, faça igual fulano de tal Todo mestre é um escravo, a liberdade é a minha jaula Eu carrego ela comigo aonde vou A prisão do casamento, a prisão do sexo, a prisão do dinheiro Queremos ser dominados, dominados por coisas, dominados por planos A cada dia vivemos menos A cada dia vivemos menos no dia de hoje Mas a dominação nunca é total, ela te engana apenas em partes Enquanto numa propícia escuridão nasce uma outra verdade A cada dia vivemos menos A cada dia vivemos menos no dia de hoje
5.
A gente vive bocejando Sei que muitas vezes pode ser um saco Mas como deve ser bom ser realmente desejado Eu queria ser o seu troféu Sentir você me exibindo Pro mundo como se eu fosse um pedacinho do céu Saber que tem alguém perdendo o sono por mim Ver alguém deixando de dormir pra conversar comigo Eu queria ser o seu troféu Sentir você me exibindo A gente boceja por que? Você coloca a mão em mim Me toca Me toca como você quer Agora eu sou seu Meus membros são seus Você ou eu Eu sou todo seu
6.
As unhas crescidas encaixadas na pele, nos pólos A mão no pescoço aperta mas não fere os rótulos É como negar uma mão para uma oração É difícil falar do nosso amor Mas a gente pode tentar A linguagem se torna realidade aqui, eu vi A tristeza nunca impediu alguém de ser feliz, sim É como negar uma mão para uma oração O mundo existiu O trem passou e você não viu O mundo vai continuar existindo Depois que o nosso amor morrer O trem passou e você não viu O mundo existiu Hoje uma criança sorriu
7.
Meu único jeito de curar os outros Parece ser maltratar as pessoas que eu mais gosto Mas nos dias aqui eu sinto que eu aprendi Que não dá pra salvar o mundo todo Minha única resposta é e sempre foi a minha violência Nunca pedir desculpas Ininterrupto, nunca interrompido Me machucaram tanto Te machucaram tanto Impenitente A maldição da sinceridade Desculpa se eu te fiz mal Só precisa de ajuda quem pede ajuda? Só precisa de ajuda quem pede ajuda?
8.
Tem gente que gosta mais da folha exposta Do que da palavra que eu vou dizer Tudo bem, tem gente que preza, mas na própria reza No fim dos tempos esquece quem é A falácio do falso, o amarrado cadarço O escancarado falso dilema Traz a luz o que antes jazia escondido Essa é a razão de tudo estar tão bagunçado e são? Eu não, eu não sei Duro um pouco mais? Posso tentar um pouco mais? Mas já cansei de querer procurar o porquê A falácio do falso, o amarrado cadarço O escancarado falso dilema Traz a luz o que antes jazia escondido Queriam fazer a cidade mais bonita do mundo A recompensa de uma grande ambição É sempre auto destruição
9.
O meu lugar é caminho de Ogum e Iansã Lá tem samba até de manhã Uma ginga em cada andar O meu lugar É cercado de luta e suor Esperança num mundo melhor E cerveja pra comemorar O meu lugar Tem seus mitos e seres de luz É bem perto de Osvaldo Cruz Cascadura, Vaz Lobo e Irajá O meu lugar É sorriso é paz e prazer O seu nome é doce dizer Madureira, lá laiá Madureira, lá laiá O meu lugar é caminho de Ogum e Iansã Lá tem samba até de manhã Uma ginga em cada andar cada andar O meu lugar É cercado de luta e suor Esperança num mundo melhor E cerveja pra comemorar O meu lugar Tem seus mitos e seres de luz É bem perto de Osvaldo Cruz Cascadura, Vaz Lobo e Irajá O meu lugar É sorriso é paz e prazer O seu nome é doce dizer Madureira, lá laiá Madureira, lá laiá Ah lugar A saudade me faz relembrar Os amores que eu tive por lá É difícil esquecer Doce lugar Que é eterno no meu coração Que aos poetas traz inspiração Pra cantar e escrever Ai meu lugar Quem não viu Tia Eulália dançar Vó Maria o terreiro benzer E ainda tem jongo à luz do luar Ai que lugar Tem mil coisas pra gente dizer O difícil é saber terminar Madureira, lá laiá Madureira, lá laiá Madureira Em cada esquina um pagode num bar Em Madureira Império e Portela também são de lá Em Madureira E no Mercadão você pode comprar Por uma pechincha você vai levar Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar Em Madureira E quem se habilita até pode chegar Tem jogo de lona, caipira e bilhar Buraco, sueca pro tempo passar Em Madureira E uma fezinha até posso fazer No grupo dezena, centena e milhar Pelos sete lados eu vou te cercar Em Madureira
10.
Limão siciliano, como as coisas se transformam Limão siciliano, como as coisas se transformam Enquanto eu te ensaboava caiu a chave Na casa velha que o avô de alguém um dia construiu Nós rimos e eu fui rearmar o disjuntor Os lábios da manhã suspiram beijos quentes Com gosto de nascer do sol O toque dos seus dedos incendeia os corações Limão siciliano, na verdade é da Índia Limão siciliano, como as coisas se transformam Enquanto eu trabalhava cantou-se a pedra No porta sabonete na clavícula limada da parede O meu nicho preferido ou talvez o mais querido As curvas do seu dorso, a dureza do olhar Incrível como o pecado e a sujeira Podem ser segredos tão bonitos Limão siciliano, como as coisas se transformam Limão siciliano, como as coisas se transformam Caiu a ficha Enquanto você dormia Ontem eu era eu Hoje eu sou eu e você

about

Segundo disco do projeto "Tréinquinumpára" do músico Vitor Brauer que tem como objetivo a gravação de um álbum em cada capital do país num espaço de dez anos. O disco do Rio de Janeiro possui participação dos artistas locais Bene (Tom Gangue), Gabriel Guerra (Séculos Apaixonados, Dorgas, Crusader de Deus), Felipe Pacheco Ventura e Gabriel Vaz (Baleia), deb (def), gorduratrans, Trash No Star, Cadu Tenório e Ynaiã Benthroldo (Boogarins).

credits

released January 4, 2024

Produção, gravação, mixagem e masterização: Vitor Brauer
Capa: Hanna Halm
Créditos específicos de cada música favor olhar na página de cada música.

Agradecimento especial à Vitória (Vita) cujo companheirismo e amizade não aparecem nos royalties e nos créditos, cujos gestos nobres se escondem nas lutas que ninguém pode ver.

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about

Vitor Brauer Governador Valadares, Brazil

Um mineiro de Governador Valadares que é compositor, produtor, membro das bandas Desgraça, Ginge, Lencinho, Lupe de Lupe, Tristeza Não Tem Fim e Xóõ, e criador e integrante do movimento Geração Perdida de Minas Gerais.

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